A partir desta quinta-feira (5), os policiais federais paralisaram parte das atividades em todo o estado.
Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Estado da Bahia (Sindipol), Rejane Perez, o ato tem por objetivo chamar a atenção para as condições de trabalho da categoria e necessidade de reforço na quantidade de policiais.
“É uma questão estrutural, observamos que o órgão começou a esfacelar e não queremos permitir esse esfacelamento. A pessoa entra na Polícia Federal com um sonho, acha que é a melhor polícia e vê que não é, aí vêm as frustrações”, aponta Rejane, que é agente da PF há 28 anos.
Somente 30% do efetivo policial trabalha normalmente nesta quinta-feira, com exceção das equipes que atuam no porto, aeroporto e postos do SAC.
A categoria se reuniu na sede da Associação dos Servidores Federais (Ansef), que fica na área da sede da PF, em Água de Meninos, na capital baiana, onde participaram de um café da manhã e conversaram sobre o movimento. O grupo realizou um ato colocando faixas na estação de metrô da Avenida Bonocô por volta das 11h. A Transalvador afirmou que o movimento não afetou o tráfego de veículos na região.
Reivindicações
De acordo com o Sindipol, a paralisação das atividades não é por motivos salariais e sim para pedir melhorias na estrutura oferecida aos servidores e nas condições de trabalho. Um agente que está na PF desde 2006 e preferiu não ser identificado disse que o elevador da sede do órgão está sem funcionar há 2 meses.
“Eu cheguei a pegar uma fase muito boa da Polícia Federal, quando a gente sentia que podia fazer a diferença, cada policial sentia que podia fazer a diferença. A grande maioria, seguramente mais de 80% de nós, somos vocacionados para o serviço e o que mais está afligindo a gente é não poder fazer o que pode fazer. A gente quer resgatar a Polícia Federal, que a gente considera um patrimônio do povo brasileiro. Hoje a gente vive uma política de sucateamento”, disse o agente.
A presidente do sindicato, Rejane Perez, destacou também que a pressão sofrida pelos policiais tem acarretado doenças ocupacionais e psiquiátricas nos policiais. “As mais comuns são depressão e síndrome do pânico. Tem pequenas coisas que internamente também estão refletindo em nosso trabalho, um ponto é número de servidores não atende à demanda. Tem policiais aqui que trabalham vários dias direto, sem descanso e depois tem compensação, folga quando dá. Isso porque não tem gente suficiente para fazer o trabalho.
Os policiais que ficam de plantão, trabalham no esquema “24/72″. Trabalham 24 horas e folgam 72 horas. “Pela lei, nós temos que trabalhar 40 horas semanais, mas vamos muito além disso”, afirmou Perez.
Segundo o sindicato da categoria, o efetivo da PF na Bahia hoje é de 366 policiais, entre agentes, peritos, papilocopistas, delegados e escrivães. A maioria está em Salvador e se desloca no caso de grandes operações fora da capital baiana. São 120 agentes, 29 escrivães, 15 papilocopistas, 36 delegados e 30 peritos.
Concurso
O último concurso para a Polícia Federal teve provas realizadas em julho deste ano. O edital foi divulgado em 2012, mas o processo foi suspenso para ajustes no edital. O concurso ainda está em andamento. No total, são 600 vagas para atuação no Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e Roraima e em unidades de fronteira.
Os sálarios vão de R$ 7.514,33 (escrivão) a R$ 14.037,11 (delegado e perito). Com o passar do tempo, o salário de agente, papilocopista e escrivão pode chegar a R$ 12 mil e o de delegado e perito a R$ 21 mil.
O Ministério Público Federal em São Paulo ajuizou ação civil pública, com pedido de liminar, para que os editais do concurso sejam suspensos até a retificação dos editais e reclassificação dos candidatos nas provas objetivas.
SÃO BENTO AGORA PB Com G1
0 comentários:
Postar um comentário