Napoleão Bonaparte tinha uma máxima: quando a guerra caminhava para iminente derrota, o comandante deveria levar mensagem otimista ao exército.
A estratégia era simples: se a guerra estiver ganha, fique calado. Se tiver perdida, só o incentivo pode reverter.
O comandante da Paraíba pensa diferente.
Depois de insistente mutismo sobre a onda de violência que assusta os paraibanos, Ricardo Coutinho veio a público ontem recomendar que a população se cuidasse, evitasse becos escuros, se recolhesse para evitar os sinistros.
Sem querer, querendo, fez uma admissão pública que esta guerra a Paraíba já perdeu para o banditismo.
Apavorada, a população capitulou: não, não existe um plano, uma estratégia de enfrentamento, uma carta a ser sacada da manga governamental.
Entendemos a mensagem.
Ao cidadão comum, que não comanda o exército público nem os cofres capazes de pagar seus soldados, vesti-los e armá-los, só resta mesmo reforçar os cadeados.
Mas Coutinho não é um cidadão comum. Ele é o senhor do exército paraibano. Ele tem a chave do cofre e o poder de ritmar o passo do pelotão.
Uma tropa, aliás, que opera em evidente greve branca, ignorando a criminalidade nas ruas enquanto centra foco numa contenda particular: a guerra de braço com o próprio Governo, autor dos cortes nos soldos.
Não só os contracheques minguaram. Do alto escalão da Polícia Militar vazam revelações que assustam: não há orçamento sequer para renovar coletes a prova de bala. Muito menos para as balas.
As declarações mostram que a Paraíba entrou em perigosa contramão: enquanto a maioria dos estados investe pesado em segurança, tentando enfrentar a violência potencialmente incrementada pelo tráfico de drogas, aqui os investimentos do setor também foram arrolados para o pacote de “austeridade” de Coutinho.
As torneiras estão fechadas, mesmo com as ruas banhadas em sangue.
Resta seguir a recomendação do comandante:
Se tranque, recolha-se ao medo!
Adriana Bezerra
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