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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Período de chuva termina e 202 cidades ainda sofrem com estiagem

Secretário de Infraestrutura diz que situação vai piorar a partir de agora com o fim do período chuvoso
Dos 223 municípios paraibanos, 202 (90,5%) estão com decretos reconhecidos de emergência por causa da estiagem, conforme o Ministério da Integração Nacional. Destes, 195 foram decretos do Estado, que segundo o secretário de Estado da Infraestrutura (Seie), Efraim Moraes, vencerão nos próximos dias, mas serão prorrogados, porque a seca tende a piorar, nos próximos meses. Os demais são decretos municipais. “O pior da seca virá agora, com a escassez da água (fim do período chuvoso no Estado). Estamos abastecendo 155 cidades com carros-pipa e a previsão é de aumentar nos próximos meses e o governo está acompanhando junto com a Defesa Civil Estadual”, revelou.

Desde o ano passado, o governo do Estado recebeu R$ 30 milhões para investir nos programas de abastecimento por carro-pipa, distribuição de ração e a recuperação e perfuração de poços. “Até o final de setembro, teremos 500 poços recuperados”, afirmou o secretário.

Segundo o presidente da Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup), Rubens Germano (Buba Germano), 170 sistemas simplificados de abastecimento de água serão construídos em 50 municípios. O valor liberado pelo Ministério da Integração Nacional para essas obras foi de R$ 22,1 milhões. No Nordeste, nove estados serão contemplados com mil sistemas num valor de R$ 130 milhões. “Essa conquista foi das associações dos municípios após reuniões entre a Confederação Nacional de Municípios, entidades estaduais e o Ministério da Integração Nacional”, revelou. Ele disse que a Paraíba já conta com o programa Água para Todos, que atende 100 municípios, e com isso, o número subiu para 150 atendidos com obras do sistema simplificado de abastecimento de água.

Reserva hídrica de 36%

De acordo com a Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), a Paraíba tem capacidade para acumular mais de 3,9 bilhões de metros cúbicos de água em 121 reservatórios (os mais importantes, monitorados pelo órgão). Mas, o volume atual só chega a pouco mais de 1,4 bilhão, ou seja, 36,8% da água que deveria acumular.

“Essa situação é resultado de dois anos consecutivos de chuvas abaixo da média histórica (2012 e 2013) de Cabedelo a Cachoeira dos Índios, principalmente em 2012 quando a chuva ficou abaixo da média. No ano passado, nenhum açude teve recuperação”, afirmou o gerente de Monitoramento e Hidrometria da Aesa, Lucílio Vieira, destacando que este ano, Litoral, Brejo e Agreste apresentou comportamento dentro da média e em algumas cidades acima da média.

Apesar de ainda ter previsão da situação em 2014, Lucílio Vieira revelou que, se chover em todas as regiões acima da média, é possível reverter esse quadro. “Todos ficariam cheios. Já se chover dentro da média, os açudes pequenos recuperariam e os maiores estariam com a capacidade entre 70 e 80% cheios, mas é importante lembrar que só faremos a previsão do próximo ano entre novembro e início de dezembro”, destacou.

Dos 121 reservatórios monitorados pela Aesa, apenas quatro estão sangrando: Araçagi (em Araçagi), Gramame/Mamuaba (no Conde), Jangada (Mamanguape) e Olho D’Água (Mari), todos no Litoral e Agreste. A situação dos reservatórios localizados no Sertão é a mais crítica. Os dois açudes de Patos estão praticamente secos. O Jatobá está com apenas 4% de sua capacidade, que é 708.795 m³ de água; e o Farinha com 6,6% de um total de 1.705.400 m³ de sua capacidade de água.

Ainda no Sertão, oito reservatórios estão com menos de 5% de sua capacidade de armazenar água: Emas (Emas); Carneiro (Jericó); Chupadouro I (São João do Rio do Peixe); São Mamede (São Mamede); Bastiana, Sabonete e São Francisco II (Teixeira) e Várzea (Várzea).

No Cariri, os reservatórios Serrote (Monteiro), Campos (Caraúbas), Taperoá II (Taperoá) Ouro Velho (Ouro Velho), Prata II (Prata), São José III (São José dos Cordeiros) são os que estão com os níveis mais baixos (menos de 5%). Na mesma situação estão São José IV (São José do Sabugi) e Caraibeiras (Picuí), no Seridó.

Sertão: cenário desolador

Uma cena chamou a atenção do padre Djacy Brasileiro quando viajava para a região de Patos por volta das 11h do último sábado. No meio da estrada, da cidade de Boa Ventura, no Sertão paraibano, um sol castigante, encontrou um homem de 77 anos carregando duas latas cheias de água. De sua casa até um poço onde buscava a água fica a uma distância de 300 metros. “Parei e fui conversar com ele. Tentei pegar as duas latas como ele fazia, mas era muito pesado. Me admirei com a força dele. Acredito que ele faz isso diariamente”, afirmou.

Ainda de acordo com o padre, a situação no Vale do Piancó melhorou um pouco com as chuvas, mas ainda não foi suficiente para o pasto e nem deu para encher os reservatórios. Na região de Patos até Soledade, não choveu. “A situação é crítica. Os açudes e a vegetação secos. É caótica a situação. Não queremos soluções paliativas, queremos definitivas com a transposição do São Francisco para realmente combater a seca. Há um mês e 15 dias, visitei o lote 7, em São José de Piranhas, e estavam paradas as obras”, afirmou, destacando que a situação do povo sertanejo ainda não é pior porque existem os carros-pipa abastecendo as localidades.

Fonte: Por Aline Martins, Jornal Correio da Paraíba

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