Dão pegou pena base de 25 anos e seis meses pelo assassinato. O juiz ainda acrescentou à pena um ano e meio pela resitência à prisão. Além disso, o mototaxista foi condenado a pagar R$ 300 mil à família de F. Gomes.
O juiz Luiz Villaça avaliou como "tranquilo" o júri. "O povo de Caicó, mais uma vez, deu provas de urbanidade e de educação. O júri foi extremamente tranquilo. A meu ver, a sentença dada por mim ao condenado corresponde ao que a população caicoense queria", falou ao G1.
O comerciante Lailson Lopes, mais conhecido como 'Gordo da Rodoviária', que também deveria ter sido julgado, teve o júri cancelado porque a advogada Maria da Penha Batista de Araújo abandonou a defesa do acusado logo após o início da audiência. A advogada alegou foro íntimo para deixar o caso. Pela renúncia, ela foi multada em 50 salários mínimos. Um novo júri ainda será marcado.
Radialista F. Gomes foi morto em 2010
Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, tinha 46 anos e trabalhava na rádio Caicó AM. Foi assassinado na noite de 18 de outubro de 2010, deixando mulher e três filhos. Ele foi atingido por três tiros de revólver na calçada de casa, na rua Professor Viana, no bairro Paraíba, em Caicó. Vizinhos ainda o socorreram ao Hospital Regional de Caicó, mas F. Gomes não resistiu aos ferimentos. Segundo inquérito, concluído pela delegada Sheila Freitas, a execução do radialista foi encomendada por R$ 10 mil. Contudo, R$ 8 mil foram pagos. “Três mil foram pagos pelo pastor para que Dão pudesse fugir”, disse ela, revelando que o dinheiro pertencia à igreja onde o o ex-pastor Gilson Neudo pregava. O restante teria sido pago pelo tenente-coronel Moreira, "que juntou o dinheiro após vender um triciclo", acrescentou Sheila. O dinheiro foi rastreado com a quebra do sigilo telefônico e bancário dos investigados. Além de ser apontado como o principal financiador do crime, o tenente-coronel Moreira também teria razões suficientes para querer se vingar de F. Gomes. O promotor Geraldo Rufino considera que as denúncias feitas com frequência pelo radialista levaram ao afastamento do oficial quando este dirigiu, em meados de 2010, a Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão. As denúncias, enfocando desmandos e atos do militar à frente da unidade, foram tão graves que levaram o Ministério Público a instaurar uma investigação contra Moreira. Outro acusado que teve participação decisiva na articulação do crime, ainda segundo a delegada, foi o advogado Rivaldo Dantas, considerado o principal elo de ligação entre os envolvidos. “O advogado foi o elo entre o Gordo da Rodoviária, o pastor e o mototaxista Dão, além de também ter forte amizade com o tenente-coronel Moreira. A partir daí, eles resolveram matar F. Gomes”, afirmou. Ainda de acordo com Sheila, foi também pela forte influência e domínio que Rivaldo tinha sobre Dão que o mototaxista foi contratado para executar o serviço. “Dão é um sociopata. Para ele, matar é a coisa mais comum do mundo. Ele viu a mãe se morta pelo padrasto quando criança. Daí essa frieza dele”, emendou a delegada. |
As denúncias
O Gordo da Rodoviária e Dão foram denunciados, respectivamente, por autoria intelectual e material do homicídio. O mototaxista, réu confesso, admitiu ter puxado o gatilho. Já o comerciante, nega ter qualquer envolvimento no crime.
Preso um dia após a morte do radialista, Dão cumpria mandado de prisão preventiva na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, para onde foi reconduzido ao final do júri. Ele deixou o plenário do Fórum Amaro Cavalcante sem dar declarações à imprensa.
A delegada Sheila Freitas, que concluiu as investigações, falou sobre o assassino logo após finalizar o inquérito policial. Segundo ela, “Dão é um sociopata. Para ele, matar é a coisa mais comum do mundo. Ele viu a mãe se morta pelo padrasto quando criança. Daí essa frieza dele”.
Outros indiciados
Os demais acusados - o advogado Rivaldo Dantas de Farias, o ex-pastor evangélico Gilson Neudo Soares do Amaral, o tenente-coronel Marcos Antônio de Jesus Moreira e o soldado da PM Evandro Medeiros - ainda aguardam sentença de pronúncia, procedimento em que o juiz decidirá se eles também sentarão no banco dos réus ou não. Todos negam.
O tenente-coronel, o soldado e o advogado aguardam a sentença de pronúncia em liberdade. O único que está preso é o ex-pastor, que cumpre pena por tráfico de drogas em Pau dos Ferros.
O soldado Evandro foi o único denunciado por homicídio simples - já que ele foi apontado apenas como o guardião da arma usada para matar o radialista. Se for levado a júri popular e condenado, sua pena pena pode variar de 6 a 20 anos de cadeia. Para os outros (todos denunciados por homicídio triplamente qualificado) a pena é mais rígida e vai de 12 a 30 anos de prisão.
Segundo o promotor criminal Geraldo Rufino, foram levados em consideração três agravantes: motivo fútil, emboscada e morte mediante promessa de recompensa.
SÃO BENTO AGORA PB Com G1 RN
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