![Ministério Público do Paraná pede liberdade provisória dos suspeitos de terem matado a jovem Thayná](http://www.folhadosertao.com.br/portal/galeria/menina_3.jpg)
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) entrou, neste domingo (14), com um pedido de liberdade provisória para os quatro homens apontados pela Polícia Civil como suspeitos de terem estuprado e assassinado a garota Tayná Adriane da Silva, de 14 anos. Os homens foram detidos pela polícia dois dias depois do desaparecimento da menina.
Na avaliação da promotoria, não há elementos que justifiquem a permanência dos suspeitos na cadeia. Entre os fatores que pesaram para o pedido, o MP-PR aponta que os quatro já deram vários depoimentos acerca do caso, além de cederem material genético para as investigações do caso.
Os promotores também consideram que, pelo comportamento nos depoimentos, nenhum dos suspeitos apresenta sinais de periculosidade, que possam leva-los a cometer novos crimes.
O pedido feito pelo MP-PR foi em caráter de urgência e foi definido após o depoimento que eles prestaram na sede da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), no sábado (13). A expectativa é que uma decisão sobre a liberdade dos homens seja tomada ainda neste domingo.
Último depoimento
Durante este último depoimento na Sesp, os suspeitos decidiram destituir o advogado que acompanhava o caso. A atitude dos quatro surpreendeu tanto o jurista, quanto a coordenadora de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Isabel Klueger Mendes.
Em entrevista ao G1, ela contou como tudo teria acontecido. "Ele [o advogado Roberto] me ligou desesperado e contou que depois do depoimento, os promotores e delegados que estavam presentes no local levaram os presos para uma sala, onde ele [ o advogado] não pode ir junto, e quando saíram disseram que fizeram uma proposta e eles [os presos] tinham aceitado", relatou Isabel. Segundo ela, a proposta foi de que se os presos destituíssem o advogado, seriam soltos."Eu tenho 40 anos como advogada e 30 anos ativos na comissão de direitos humanos e nunca tinha visto isso", acrescentou. Ela também explicou que o advogado Rolim tinha determinado que os presos ficassem em silêncio sobre o caso até uma nova determinação.
O delegado Guilherme Rangel, responsável pelo caso, negou que houvesse algum tipo de proposta para os presos com relação à destituição do advogado. "Isso não aconteceu. Eles foram levados para a Sesp para serem interrogados e destituíram o advogado porque eles queriam falar e o advogado queria que eles não falassem. Então, teve esse conflito de interesses entre eles, e os presos optaram por arrumar outro advogado", disse. O delegado também afirmou que todos os procedimentos foram acompanhados por membros da OAB-PR. Segundo Rangel, também estavam presentes no depoimento o assessor civil da Sesp-PR e delegado designado para acompanhar as investigações, Rafael Vianna.
Crime, confissão e tortura
A jovem desapareceu no dia 25 de junho quando voltava da casa de uma amiga. De acordo com a polícia, ela foi abordada pelos suspeitos presos, que trabalhavam em um parque de diversão da cidade. Ainda segundo a polícia, eles confessaram ter estuprado e depois estrangulado a adolescente até a morte. O caso indignou moradores, que protestaram e atearam fogo nos brinquedos do parque. O corpo de Tayná foi encontrado por moradores da cidade três dias após o desaparecimento em um matagal em frente ao parque de diversões.
Após uma conversa com os suspeitos, a Ordem dos Advogados do Brasil, no Paraná, disse que os quatro suspeitos confessaram os crimes porque tinham sido torturados. "Nós vimos os sinais das torturas nos suspeitos. Um deles, inclusive, perdeu a audição porque foi atingido por uma barra de ferro", argumentou Isabel. Ela ressaltou que os presos relataram ter passado por torturas nas delegacias de Colombo, em Campo Largo, Araucária e na Casa de Custódia de Curitiba, onde estavam até a manhã deste domingo. A Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Paraná investiga as suspeitas de agressão.
Substituição
O delegado do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Amarildo Antunes, disse ao G1, na manhã deste domingo (14), que todos os 20 policiais da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, foram substituídos temporariamente por equipes do Cope e de outras unidades. Doze presos também serão transferidos da delegacia, segundo o delegado. Outros 22 detentos permanecem no local. Segundo Antunes, a determinação ocorreu por parte do delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Vinícius Michelotto. Amarildo afirmou que não sabe para onde serão levados os policiais.
Ainda segundo o delegado Amarildo, os policiais do Cope ficarão responsáveis pela guarda dos presos e da delegacia. A parte administrativa ficará sob a responsabilidade do delegado Erineu Portes, que atua na delegacia central de Colombo.
"Isso foi uma medida foi tomada para garantir transparência, tranquilidade e para que ninguém crie obstáculos para que as investigações no caso da Tayná transcorraram normalmente", completou Amarildo.
Exame
Durante uma coletiva de imprensa na sexta-feira (12), o promotor Paulo Lima afirmou que um exame realizado no Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba indicou que o sêmen encontrado na calcinha da Tayná não é de nenhum dos suspeitos. A prova, porém, na avaliação dele, não significa inocência.
“[O sêmen] Pode ser de uma relação consentida, que ela teve antes de ser morta. Então, nós temos que ter bastante cautela quanto a isso. Ele é um exame, na verdade, que ele não é afirmativo da responsabilidade dos suspeitos (...). Essa prova, na verdade, os beneficia, mas não exclui a responsabilidade de ter havido uma relação sexual em que não ocorreu a ejaculação. Além disso, não exclui a responsabilidade deles em relação ao homicídio", afirmou o promotor.
Diante do resultado, o promotor afirmou que até o momento os indícios contra os suspeitos são insuficientes. O Ministério Público do Paraná tem até segunda-feira (15) para apresentar ou não denúncia contra os quatro homens presos.
SÃO BENTO AGORA PB Com g1
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