Na leitura da sentença, o juiz Leandro Bittencourt Cano descreveu os três agravantes aceitos pelo Conselho de Jurados ao analisar se o réu era inocente ou culpado.
Sobre o agravante de crime torpe, por exemplo --segundo a acusação, Mizael se sentia humilhado pelo fim do relacionamento --, o magistrado definiu: "Muitos crimes são cometidos em nome do amor, que mas que tipo de amor é esse?", indagou, para completa: ""Quando é amor o que se sente, não há o mínimo desejo de se livrar da pessoa amada", estabeleceu.
Ao final, o juiz fez a leitura dos agradecimentos com a voz embargada. Ao todo, foram quatro dias de júri.
Mizael foi condenado por um júri de cinco mulheres e dois homens no julgamento que durou quatro dias no Fórum de Guarulhos (região metropolitana de São Paulo). Esse foi o primeiro júri do Estado –o segundo do Brasil, depois de um realizado em Rondônia –a ser todo transmitido em tempo real via rádio e internet.
Ao todo, os jurados analisaram seis quesitos para responder sim ou não e decidir se o policial reformado era ou não culpado pelo crime. Entre eles, figuraram, por exemplo, se o réu "concorreu para o crime", se "o jurado absolve o acusado?" e se o crime foi praticado "por motivo torpe, em razão da insatisfação com o rompimento" do relacionamento amoroso. Ainda foi questionado aos jurados se houve emprego de "meio cruel" à vítima. Eles se rreuniram para decidir às 16h25.
Além do policial reformado, também é acusado pelo crime o vigia Evandro Bezerra da Silva, que está preso no presídio de Tremembé 2 e vai a júri popular em 29 de julho deste ano. Inicialmente, ele seria julgamento com Mizael, mas o júri foi desmembrado a pedido da defesa de Bezerra, que alegava tese conflitante entre os dois acusados.
Ao todo, os jurados ouviram os depoimentos de nove testemunhas –cinco da acusação, três da defesa (que dispensou outras duas) e uma do juízo– e do réu, interrogado nessa quarta-feira (14) apenas pela defesa, uma vez que o promotor do caso, Rodrigo Merlin.
Entre os depoimentos, se destacaram o de Márcio Nakashim, irmão da vítima, do delegado Antonio Assunção de Olim, responsável pela investigação do caso. Ambos foram arrolados pela acusação.
Márcio, primeira testemunha a ser ouvida no júri, na última segunda-feira (11), chorou em vários momentos das cerca de quatro horas em que depôs e discutiu rispidamente com os advogados de Mizael, os quais acusou de macular a reputação da advogada, e acusou o réu de ter se "transformado" no segundo ano de namoro com a advogada.
"Mizael era muito ciumento, possessivo e se transformou. Ele ligava várias vezes para a Mercia", afirmou Márcio, que, alegando medo, pediu para que Mizael fosse retirado do plenário durante o depoimento. Como é advogado e trabalha em sua própria defesa, o réu pediu para continuar na sala, mas o juiz negou.
Delegado derruba álibi
Já o delegado do caso, ouvido na terça (12), derrubou a tese do réu de que teria se encontrado com uma prostituta no momento em que a advogada era assassinada em Nazaré Paulista.Mizael alega que, na noite do crime, esteve por quatro horas com uma prostituta, dentro de um carro, em frente ao Hospital Geral de Guarulhos.
"Ele não sabia o nome da mulher e, só depois de muita pressão, lembrou a cor do cabelo. Depois deu apenas R$ 20. Além do que, é estranho transar em um lugar de tanto movimento, sem chamar a atenção", disse o delegado, que foi taxativo aos jurados: "Eu não tenho dúvida nenhuma de que Mizael matou a Mércia", declarou.
Depoimentos de peritos
Tanto defesa quanto acusação também lançaram mão de peritos para testemunhar em plenário.O perito-chefe da investigação do caso, Renato Domingos Pattoli, por exemplo, falou na quarta-feira (13) e viu a defesa do réu tentar desqualificar a perícia feita pelo Instituto de Criminalística à época do crime.
O perito explicou que a terra encontrada no sapato de Mizael não era compatível com a encontrada na represa de Nazaré Paulista, onde o corpo de Mércia foi encontrado.
"A quantidade de terra encontrada era pequena, mas dá para afirmar que não era compatível", disse.
Outro perito do caso, o biólogo Carlos Eduardo Bicudo, ouvido como testemunha no primeiro dia de julgamento, disse que algas não se fixam na terra, e sim, em um substrato. Por isso, a terra e a alga encontradas no sapato de Mizael podem ter vindo de locais diferentes.
SÃO BENTO AGORA PB Com Uol
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