Setenta e três por cento dos 7.788 homicídios que ocorreram na Paraíba entre 2006 e 2012 se concentraram em 23 municípios. O percentual corresponde a 5.737 óbitos. No mesmo período, morreram 4.343 jovens com idades entre 15 e 29 anos no Estado, dos quais 3.447 nestas cidades.
Além da região metropolitana de João Pessoa, que segundo o Núcleo de Análise Criminal e Estatística (Nace), da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social (Seds), concentra 40% dos crimes no Estado, localidades mais afastadas como Diamante, Igaracy e São Bento também estão na lista e despontam como uma nova preocupação para a segurança pública. Para reduzir os números de homicídios nestas cidades, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) lançou um plano específico em parceria com a Segurança e a Educação.
As ações do Plano para Redução da Vulnerabilidade e Risco de Morte por Homicídios serão colocadas em prática nas 23 cidades onde o índice de assassinatos nesta faixa etária chamou a atenção. Entra as cidades consideradas prioritárias estão João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita, Bayeux, Cabedelo, Mamanguape e Patos.
Patos já registrou somente este ano 30 assassinatos, contra 33 em seis meses do ano passado. Como o mês de junho ainda não terminou, não é possível dizer se de fato o número homicídios caiu.
"Fizemos uma análise através do banco de dados de mortalidade do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) com os municípios onde há mais homicídios nessa faixa etária e, pelo alto índice, constatamos que há uma necessidade de intervir. Vamos realizar um trabalho de sensibilização, principalmente junto às pessoas que estão neste grupo", declarou Júlia Vaz.
Serão identificadas as áreas mais críticas nestas cidades, a exemplo estabelecimentos noturnos, para que o trabalho seja desenvolvido, inclusive escolas. "O projeto foi liberado agora. Teremos uma oficina em julho, na qual vamos traçar e mapear essas áreas e também as escolas que serão contempladas com a ação", completou. Nas unidades educacionais, será inserido o tema ‘Cultura de Paz'.
A meta é reduzir a vulnerabilidade e o risco de morte por homicídios nesta faixa etária, com a implementação da vigilância epidemiológica das violências nas Secretarias de Saúde das 23 cidades. Os boletins epidemiológicos serão semestrais. Além das atividades nas escolas, as equipes da Secretaria de Estado da Educação (SEE) e Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social (Seds) vão realizar visitas a estes municípios.
445 assassinatos somente este ano
O índice de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), elaborado pelo Núcleo de Análise Criminal e Estatística (Nace), da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social (Seds), apontou 445 homicídios na Paraíba nos primeiros três meses de 2012 envolvendo todas as faixas etárias, sendo 151 só na Capital. Até 31 de maio, o total no Estado aumentou para 667.
Em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 697 homicídios, houve uma redução de 4,3%, o que não significa que o problema está resolvido. Enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) preconiza uma taxa de até dez homicídios por cem mil habitantes, na Paraíba este indicativo é de 44.
O tenente coronel da Polícia Militar Júlio César de Oliveira, um dos coordenadores do Nace, admitiu que a taxa ainda é alta, mas ressaltou que o crescimento no total de crimes vem sofrendo alterações. "No ano de 2010 em relação a 2009, o aumento foi de 25% no Estado; o dado de 2011 em relação a 2010 foi de 7%. É o melhor resultado desde 2009".
Metodologia ainda não é unificada
Nos outros Estados, os levantamentos dos números de homicídios são feitos pinçando as informações, mas não há uma metodologia unificada. Na Paraíba, é medido todo evento que, em razão da lei, seja dever do Estado apurar. Homicídios, latrocínios, mortes dentro de unidades prisionais, tortura e até confrontos policiais são considerados. São os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI). O indicador ‘latrocínio' foi introduzido por determinação da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
O tenente da Polícia Militar e especialista em análise criminal Vinícius César de Santana Lima, observou que alguns Estados não contabilizam o número de vítimas e sim de eventos. Uma chacina, portanto, não contaria a quantidade de óbitos, mas apenas uma ocorrência. Isso, segundo ele, traz um subjetivismo de até 25%.
Análise qualitativa
Um dos detalhes é que, além do aspecto quantitativo, o Núcleo Criminal contabiliza as ocorrências qualitativamente, ou seja, pelos tipos de crimes. "Pegamos a ocorrência e aperfeiçoamos os dados que são georreferenciados", explicou Júlio César. Isso significa que as há informações sobre o local, como ocorreu, horário, circunstâncias, envolvidos, perfil das vítimas e autores, e o tipo do crime, se foi passional. "Se não temos os números verdadeiros, não podemos direcionar políticas. Não queremos dizer que esta é a metodologia perfeita, podemos afirmar que temos uma ação efetiva para contabilizar as mortes", ressaltou.
SAOBENTOAGORAPB Com Lucilene Meireles - Correio e Hora Exata
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