Uma reportagem do "Brasil Urgente", da Band Bahia, exibida há pouco mais de 15 dias, voltou a ser assunto na internet causando revolta em internautas. O vídeo no Youtube foi postado em blogs e redes sociais, apontando a repórter envolvida na matéria como "preconceituosa", "machista", "racista" e "elitista".
Na reportagem, a jornalista Mirella Cunha entrevista um jovem negro que acabara de ser preso acusado de assalto e estupro. No vídeo, o jovem assume o assalto, mas quando diz que não houve estupro, a repórter não pergunta, mas afirma e acusa. “Não estuprou, mas queria estuprar”, diz.
O jovem nega várias vezes o crime e diz para chamar a vítima e colocar na frente dele e até fazer o exame para provar sua inocência. Confuso, ele pede para que façam o exame de "próstata" em vez de corpo de delito.
O rapaz não consegue falar "próstata" corretamente e admite isso, mas a repórter ri da situação e insiste para ele repetir o nome do exame. Ainda rindo, ela "fala para o apresentador" do programa. "Uziel, depois você não quer que o vídeo vá para o Youtube".
Em seguida, a repórter questiona corrigindo o jovem. "Quando ela [vítima] fizer o exame de corpo o delito, vai dizer se foi você ou não?". Ele responde que após o exame, ele vai "tornar pra cadeia consciente". A repórter responde que ele vai como "estuprador, Paulo Sérgio, estuprador", mas o jovem insiste que o exame não vai acusá-lo de tal crime.
No vídeo fica claro que o rapaz não sabe do que se trata o exame de próstata, mesmo assim ele acredita que vai ter que fazer. Ao perceber isso, a repórter ri novamente da situação, não o corrige, mas ironiza perguntando se ele "gosta", se ele "já fez" e se ele sabe onde fica a próstata.
Revolta na internet
Segundo o portal Unegro (União dos Negros pela Igualdade), quando a repórter ri dele "gostar" de fazer o exame de próstata "demonstra preconceito homofóbico" e reforça um "preconceito machista que tem dificultado a ação preventiva contra o câncer de próstata". O portal ainda acusa a a reportagem de racismo e exige providências imediatas da emissora. O texto pode ser lido aqui.
Para o editor da revista Fórum, que postou o vídeo da reportagem no Blog do Rovai, a repórter "julga-o [jovem] antes da Justiça, humilha-o por conta de sua ignorância em relação aos seus direitos e ao procedimento a se realizar num exame de corpo delito e acha isso tudo muito engraçado". O texto pode ser lido aqui.
Segundo o texto do portal Jornalismo B, que pode ser lido aqui, Mirella torturou verbalmente o jovem acusado e a reportagem demonstra a "espetacularização da notícia, o circo dos horrores em rede nacional. Nada de notícia, nada de informação, nada de prestação de serviços, nada de interesse público".
No Twitter, há alguns dias diversos usuários tem denominado a atitude de Mirella de "racista", "homofóbica", "elitista", "preconceituosa", "medíocre", entre outras coisas.
Em nota, a Band afirmou que vai "tomar todas as medidas disciplinares necessárias. A postura da repórter fere o código de ética do jornalismo da emissora".
Assista ao vídeo:
FOLHADOSERTAO com Vanessa Gonçalves
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