Quando viu o sargento Marcelo Afonso de Oliveira, na manhã desta terça-feira, a avó dele, uma senhora de 84 anos, fez um pedido incomum para quem estava acostumada a vê-lo sair todo dia para o 41º BPM (Irajá), batalhão onde atuava há dois anos.
— Não vá trabalhar hoje. Fica em casa, meu filho.
Foi a última vez que ela viu o neto que ela mesma criou. O policial militar, de 41 anos, foi morto ao ser baleado em luta corporal com um dos assaltantes que tentaram roubar um carro-forte na Pavuna, em frente a uma agência bancária da Caixa Econômica Federal. O sargento deixou uma mulher e três filhos, com idades entre 11 e 5 anos.
Um colega disse ter conversado rapidamente com Afonso minutos antes do episódio, quando as duas viaturas deixavam a “área verde”, no batalhão. Segundo ele, a região é minada por locais considerados como “área vermelha”, onde há perigo de confronto.
— Brinquei com ele, antes de sair. A gente vai pra rua e não sabe se volta. Todo mundo gostava dele no batalhão. Perdi um grande amigo — lamentou o colega, que não se identificou.
PM queria ser jogador de futebol
Com a infância dividida entre Irajá e a Mangueira, Afonso era um habilidoso meia canhoto que atuava nas categorias de base do São Cristóvão. Desistiu do sonho de ser jogador ao entrar para a Aeronáutica. Depois, foi para a Polícia Militar, onde ficou 18 anos. Mas nunca deixou de lado uma boa “pelada”.
Todas as terças à noite, participava de um futebol soçaite com os amigos no Campão do Irajá. Evangélico, dispensava a cerveja depois do futebol. Mas não abria mão do churrasquinho e do bate-papo. Num dos últimos jogos, fez um gol depois de dar um drible num amigo, que atuava na zaga do time adversário.
— Ele disse, brincando: “tô gordinho, mas ainda tenho velocidade”. Hoje (terça-feira), não vai ter futebol.
Afonso será enterrado nesta quarta-feira à tarde, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
SAOBENTOAGORAPB Com Extra
Blog da Força Tática
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