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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Estresse do trânsito na PB adoece e traumatiza

O crescimento de 183% na frota de veículos na Paraíba, em 10 anos, e de 56% no número de mortes por acidentes de trânsito, no mesmo período, está causando traumas e doenças na população. Motoristas estão desenvolvendo transtornos psicológicos, bronquites, asmas, alergias, infartos e podem vir a ter, em longo prazo, até câncer, segundo aponta o pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Universidade de São Paulo (USP), Ubiratan de Paula Santos. Alternativas, por sua vez, são inexistentes, e o trânsito de João Pessoa tem se tornado, cada vez mais, caótico. A Capital, aliás, já tem até escolas especializadas para pessoas que não conseguem dirigir, seja por medo ou traumas. Na “Dirigindo Bem”, localizada na Avenida Epitácio Pessoa, a média mensal de matrículas é de 40. “A maioria dos que se matricula tem medos e traumas, até mesmo de entrar no carro, porque algum parente sofreu algum tipo de acidente ou por ver notícias de tantas mortes no trânsito”, contou a supervisora Valquíria Guedes. A contadora Eliane Lopes, 50, era uma das alunas que estavam se submetendo, na última quinta-feira, a uma avaliação na escola para definir como seria seu plano de aulas. Ela contou que tem habilitação desde 1999, mas, desde então, só pegou no carro duas vezes. “Tenho muito medo do trânsito. Não sei como proceder caso venha a acontecer alguma coisa na minha frente. Além disso, não tenho prática, porque já se vão 13 anos desde que tirei a carteira. Não tenho como dirigir”, afirmou De acordo com o psicólogo Raynero Aquino de Araújo, que atende no Centro de Atendimento à Vida, na Torre, casos como o de Eliane Lopes tem se tornado cada vez mais comuns. Ele informou que 60% dos seus pacientes que sofrem de transtornos de ansiedade têm o trânsito como origem, percentual que, cinco anos atrás, era quase inexistente. “Essas pessoas começam a apresentar esses transtornos depois de um acidente ou, até mesmo, de uma briga de trânsito. Em algumas vezes, elas evitam até entrar no carro, por temer que algo semelhante ou mais grave venha a acontecer. O problema é que esse temor vai se acentuando dia a dia, em forma de uma ‘hipervigilância’”, explicou. Esse sentimento, dependendo da frequência e da intensidade, pode comprometer a vida pessoal e profissional desses indivíduos, sendo indicado, nesses casos, acompanhamento psicológico. “Por causa desses medos, a pessoa parou de trabalhar, parou de levar os filhos na escola, está mais deprimida? Ela tem evitado convites para sair de casa? Existindo esses sintomas, o tratamento é bastante indicado, porque a tendência é piorar e terminar causando um isolamento social. Dizia-se que o mal do século é a depressão, mas, daqui a pouco, será a ansiedade”, finalizou. Correio da Paraíba deste domingo (5)

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