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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
DEU NO JN: Obras de transposição do Rio São Francisco estão abandonadas no PE e avançam na PB.
Avanço das obras em região da Paraíba prejudica moradores que ainda não receberam uma casa nova ou não foram indenizados. Máquinas paradas em trecho em Pernambuco tiram esperança de novos empregos.
O Jornal nacional exibe nesta quinta-feira (9) a segunda reportagem especial da série sobre a transposição das águas do Rio São Francisco. Os repórteres Mônica Silveira e Augusto Cesar mostram duas realidades distintas: o avanço das obras em uma região da Paraíba e as máquinas paradas, quase abandonadas, em um trecho em Pernambuco.
A chegada de máquinas nunca vistas na região atraiu os agricultores. “Estamos aqui por um emprego”, avisa uma mulher.
O vigia Agenor Gonçalves é assediado. “Toda hora é: ‘Agenor, chegou alguma pessoa da empresa?’ Não, por enquanto não tem”, conta.
“Eu estou aqui para aguentar qualquer emprego”, afirma o um morador.
Em Cabrobó, Pernambuco, o canal da transposição é esperança e abandono. A construtora chegou a iniciar a escavação nos lotes 1 e 2. E não passou disso. Há um ano e meio, a obra parou, do jeito que está. O mato cresceu e quilômetros de escavação na pedra, investimentos, suor, ficaram espalhados, abandonados no meio do Sertão. Nos canteiros vazios, equipamentos que seriam usados para transformar o Sertão.
No ano passado, alguns consórcios de empreiteiras pararam a construção porque consideraram o valor da licitação menor do que o custo real. O Ministério da Integração Nacional começou uma nova negociação com as empreiteiras.
Na quarta-feira (7), na visita às obras em Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff disse que os acordos estão sendo renegociados.
Em um lote, na Paraíba, as obras não foram interrompidas. A escavação de dois túneis, que juntos vão ter 20 quilômetros de extensão por dentro da Serra do Braga, mobiliza 460 trabalhadores. Para abrir todo o espaço, são usadas 60 toneladas de explosivos nas frentes de trabalho todo mês.
De 12 em 12 horas, há uma nova detonação. E assim, a obra avança. A cada dia, os operários conquistam mais nove metros dentro da rocha. Depois de cada explosão, a quantidade de pedras retiradas é suficiente para encher 40 caminhões.
Mas as obras provocaram outros efeitos para os moradores da região. Uma sucessão de explosões danificou a casa do Seu Francisco. “A minha casa era perfeita, não tinha rachadura de jeito nenhum. Depois desses tiros, começaram as rachaduras”, conta.
O governo comprou a casa de Seu Francisco. Mas ele ainda não se mudou porque é um dos 250 moradores de um lote da Paraíba que optaram por receber uma casa nova, que ainda não está pronta, no lugar da indenização.
No mesmo lote, o trabalho está parado na fábrica de rapadura de Seu José. Há um século, a família usa a água do açude para irrigar a plantação de cana-de-açúcar. Mas ele foi aterrado no meio para a construção do canal do canal do Eixo Norte. O agricultor ainda não foi indenizado. “Se essa água do açude secar, a gente fica sem água. E a gente vai sobreviver do quê? Eu não sou contra a transposição. Eu sou a favor da transposição, desde que traga água, sem tirar o pouco que a gente tem”, declara o agricultor.
Segundo o Ministério da Integração Nacional, 1.679 famílias já foram indenizadas. Outras 124 precisam apresentar os documentos exigidos por lei.
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